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Correio de Azeméis

16 May 2023

As sinistras cheias de 9 de Fevereiro de 1879 (1)

António Magalhães

As cheias dos rios Antuã e Ul, na noite de 9 de Fevereiro de 1879, causaram enorme devastação, de que foram vítimas principais os muitos moinhos da freguesia de Ul e os açudes que os alimentavam. A miséria grassou, legiões mendigaram pelas terras vizinhas, procurando acudir-lhe, na medida do possível, uma provisão real do monarca D. Luís, único deste nome.

O “nosso” “Comércio do Porto” concedeu abundantes espaços, admitindo a hipótese, que não confirmava, da morte de uma moleira arrastada pela tormentosa corrente. Uma morte  comprovada pelo assento de óbito lavrado pela Padre José Maria Soares de Albergaria, pároco encomendado de Couto de Cucujães. 
(Este sacerdote, cuja formação a ortografia e caligrafia revelam, é originário da histórica Casa do Buraco, em Couto de Cucujães, com brasão de armas concedido a Manuel Bernardo Soares de Albergaria, Monteiro – Mor de Cambra e Senhor da Quita de Refoios. Reza a história que ali pernoitaram D. Miguel e a sua comitiva, em 30 de Outubro de 1832, aquando do cerco do Porto).
Vejamos então o texto:
“Aos treze dias do mês de Fevereiro de mil oitocentos e setenta e nove, pelas oito horas da manhã, no rio denominado Riba Ul, próximo do lugar do Salgueiro, freguesia de Santiago de Riba Ul, concelho de Oliveira de Azeméis, diocese do Porto, apareceu o cadáver de Luísa Rosa de Jesus, de idade provável de trinta anos, moleira, casada com Serafim de Almeida Valente, natural desta freguesia de Couto de Cucujães, concelho de Oliveira de Azeméis, diocese do Porto, e na mesma moradora no lugar da Manta, nos moinhos de Luís José Dias de Andrade, cujo corpo foi levado dos ditos moinhos pela corrente da enchente do rio às dez horas da noite do dia nove do supra dito mês e ano, filha legítima de António Marque Luís Teixeira, negociante de chapéus, e de Ana Rosa de Jesus, ocupado no governo da sua casa, naturais desta freguesia, e foi conduzido o seu cadáver, com os consentimentos necessários, para esta freguesia de Couto de Cucujães, no cemitério da qual foi sepultada. Não tinha feito testamento nem deixou filhos. E para constar lavrei este assento, que assino”.    
A infeliz moleira andou arrastada pela torrente longos quatro dias. Baixadas as águas, o corpo foi carinhosamente recolhido. 
Mas as cheias estiveram na origem de mais duas mortes, em Vila Cova, Santiago de Riba-Ul, que trarei até aqui oportunamente.
  (Escrito de acordo com a anterior ortografia)

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